Intermarché acelera expansão

Grupo francês investe €60 milhões em Portugal e abre 15 lojas este ano. Até 2023 serão €200 milhões.

O Intermarché está a acelerar a sua expansão em Portugal, com uma estratégia assente na abertura de novas lojas e na redução de preços. O objetivo é crescer e aumentar a quota de mercado, atualmente nos 9,2%, diz ao Expresso Laurent Boutbien, presidente do grupo Os Mosqueteiros.

“A nova estratégia da insígnia alimentar materializa-se na baixa de preço permanente de mais de uma centena de produtos de primeira necessidade”, diz ao Expresso o gestor do grupo de origem francesa, a operar as cadeias Intermarché, Bricomarché e Roady em Portugal, onde delineou “um plano muito ambicioso” que prevê um investimento de €200 milhões para abrir 105 lojas e criar 3150 novos postos de trabalho até 2023.

Em 2018, Os Mosqueteiros aplicaram €30 milhões na abertura de 9 lojas no país e, este ano, orçamentaram €60 milhões para 15 inaugurações que prometem empregar mais 500 pessoas.

Mas o Intermarché, que responde por 250 das 320 lojas do grupo, também está a investir na logística de forma a acompanhar o projeto de crescimento da sua rede: depois dos €11 milhões dedicados ao alargamento e modernização da Base de Alcanena, prevê investir mias €3,5 milhões na expansão da base logística de Cantanhede. “O investimento logístico será uma constante nos próximos anos”, garante o gestor.

Ao mesmo tempo, o grupo aposta na modernização dos seus pontos de venda, antecipando uma centena de adesões ao novo conceito ‘2021’, que traz, entre outras novidades, fachada renovada às lojas, “uma forte área promocional”, self-service no talho, espaço específico para produtos biológicos e serviço take-away ou de entregas. E a par da exploração do seu “conceito pioneiro” de loja fora dos grandes centros urbanos está a arrancar com um novo modelo de “loja urbana” que conta já com duas unidades, em Lisboa e no Algarve, e promete mais quatro inaugurações até 2023.

A entrada dos espanhóis da Mercadona no mercado nacional poderá não ser alheia a estas decisões. “É mais um player num mercado já altamente concorrencial”, admite Boutbien, certo de que “a concorrência é sempre positiva” e o seu grupo, já com 28 anos de experiência em Portugal, “está bem preparado para o desafio”.

O ano de 2018 fechou com 14 mil trabalhadores e vendas de €2,2 mil milhões em Portugal, um número que representa um crescimento de 10% face ao exercício anterior e reflete o domínio do Intermarché, com uma quota de 93%. A fatia das marcas próprias ronda os 25% e o Programa Origens, para “dar expressão” à produção lusa, tem aqui um peso de 20%, o que significa mais de €47 milhões de vendas de produtos frescos nacionais.

A partir dessa base, o grupo está também a promover a exportação de produtos e marcas nacionais, principalmente para o mercado francês. E esse é um quadro que “tem vindo a ganhar expressão, não só pela forte presença de portugueses em França, mas também pelo reconhecimento da qualidade dos produtos em causa”, diz.

Ao todo, há 146 referências de marcas lusas a serem exportadas, num total de €3,2 milhões. A oferta é dominada por “produtos secos”, embalados, do azeite ao café ou às massas, mas os frescos têm vindo a ganhar algum terreno, “da laranja do Algarve à pera rocha do Oeste”, e Boutbien acredita que o futuro passa pela promoção de contactos diretos entre vendedores e compradores, por “estreitar relações comerciais entre os dois países”, até porque “o consumidor português é muito semelhante ao francês devido à cultura, hábitos e preferências”.

“Estas semelhanças deram-nos vantagens quando entrámos em Portugal e continuam a ser importantes em termos de inovação”, refere o gestor de “um dos maiores grupos de distribuição mundial multi-insígnia”, constituído a partir de uma rede de empresários que gerem os seus negócios de forma autónoma e participam na gestão macro da empresa.

UM GRUPO, 4 PAÍSES:

4 mil é o número de lojas em França (3200), Polónia (371), Portugal (320) e Bélgica (79).

9 é o número de insígnias do grupo (Intermarché, Bricomarché, Bricorama, Brico Cash, Netto, Roady, Rapid Pare-Brise, American Car Wash e Poivre Rouge), com vendas de €44,5 mil milhões.

Fonte: Expresso