Recuperação do património histórico e vários hotéis novos fazem parte do novo plano estratégico de desenvolvimento turístico e hoteleiro.

O município de Oeiras vai apresentar até ao fim deste ano o novo plano estratégico de desenvolvimento turístico e hoteleiro. Num concelho que se destaca sobretudo pelo investimento nos negócios e parques tecnológicos, o novo caminho a ser traçado passa sobretudo pela aposta no turismo de negócios mas também de lazer. Para já a autarquia planeia inaugurar dez unidades hoteleiras até 2024, e está a apostar forte na recuperação do património histórico. No total, a Câmara Municipal prevê gastar €100 milhões.

“Há 35 anos havia apenas duas unidades hoteleiras no concelho, a pousada da juventude e o Inatel. Parte destes dez novos projetos surge numa lógica de turismo de negócios, mas há outros com perfil mais ligado ao turismo puro e duro, para atrairmos os fluxos de turistas verificados na AML”, explica ao Expresso o vice-presidente da Câmara Municipal de Oeiras (CMO), Francisco Gonçalves, dando como exemplo o hotel do Parque dos Poetas/Estádio Municipal ou o antigo Mónaco, que vai renascer como um hotel de charme.

Construídos ou recuperados na totalidade com investimentos privados, as novas unidades vão surgir em diferentes zonas do concelho: dois em Oeiras (Parque dos Poetas e Estádio Municipal), um em Porto Salvo (Moov, no Taguspark), três em Caxias (Murganhal, Mónaco, Alto da Boa Viagem e Paço Real de Caxias), um no Dafundo (Porto Cruz) e dois em Carnaxide (Quinta do Paizinho e Outorela) e o BB Hotel Lisbon Oeiras. “Estamos a aprofundar a dimensão do turismo de negócios e também a chegar a outro subsector mais ligado ao património, mar e rio”, revela o vice-presidente, acrescentando que parte da estratégia do município passa por recuperar o património histórico que estava nas mãos da Administração Central. “Continuamos a dar profundidade ao Oeiras Valley, que tem uma dimensão reprodutiva do turismo”, salienta.

RECUPERAÇÃO DO PATRIMÓNIO

Apesar de estar situado entre dois concelhos que recebem uma fatia generosa do turismo da Grande Lisboa (Lisboa e Cascais), a estratégia de apostar mais no turismo já se evidenciava no investimento da Câmara em dois novos postos de turismo: um no Palácio Marquês de Pombal e outro na marina de Oeiras. Ainda assim, refere Francisco Gonçalves, uma das componentes mais fortes da aposta no turismo passa pela recuperação do património histórico localizado no concelho.

“Só recentemente este património passou na sua totalidade para a gestão municipal. Estamos a recuperar a Casa da Pesca, o Forte de Oeiras, o Convento da Cartuxa”, acrescentou.

O vice-presidente da autarquia acredita que o facto de uma parte do património histórico estar abandonado e a precisar de obras de restauro tem sido uma das razões para que o município não tenha tido grande relevância no que diz respeito ao turismo, durante os anos em que a oferta hoteleira em Lisboa aumentou exponencialmente.

A decisão de avançar com a recuperação de alguns dos edifícios mais antigos e emblemáticos da zona traduz-se numa forte aposta do município: perto de €80 milhões para a reabilitar o património antigo, além de um investimento de €20 milhões na construção de um centro de congressos, o que mostra que o turismo de negócios vai manter-se para dar condições aos muitos estrangeiros que todas as semanas chegam ao Tagus Park e Lagoas Park, dois dos mais produtivos parques de negócios e tecnologia portugueses.

“Este investimento tem um valor reprodutivo alto. Quando falamos em investir no património, que é a nossa vida, a nossa história e passado — e não pode ser abandonado —, fazemo-lo para dar a conhecer não apenas aos portugueses mas também aos estrangeiros”, afirma.

Embora este património seja propriedade do Estado, será totalmente recuperado com os cofres do município e sem recurso a crédito bancário. “Interessa-nos recuperar o património e dar-lhe dignidade. Quando deixamos o património cair estamos a deixar de criar riqueza, a desperdiçar. Vamos recuperá-lo com capitais próprios”, disse Francisco Gonçalves, adiantando que o plano estratégico para o turismo está agora numa fase de discussão interna na Câmara.

VERSÃO PRELIMINAR DENTRO DE DIAS

“Ouvimos hoteleiros, a restauração, os protagonistas. Nos próximos dias o presidente Isaltino vai ver a versão preliminar do projeto”, adiantou.

Entre as principais intervenções ao nível do património contam-se algumas das mais emblemáticas construções antigas do concelho, como o Palácio Marquês de Pombal, Jardins, Casa do Bicho da Seda, Adega e Casa da Pesca, Igreja da Cartuxa e a linha de fortes marítimos ao longo do concelho. Os projetos estão praticamente todos em andamento, assim como alguns dos hotéis a inaugurar nos próximos anos. É o caso do B&B Hotel Lisbon Oeiras, que arrancou em meados de setembro.

Com um investimento global de €7 milhões, a conclusão do hotel está prevista para o verão do próximo ano. A unidade de três estrelas conta com quatro pisos, com 93 quartos. O concelho de Oeiras dispõe hoje de oito hotéis: um de 5 estrelas; três de 4 estrelas e quatro de 3 estrelas.

NÚMEROS

946

mil foi o número de visitantes registado durante a época balnear no concelho de Oeiras. Em julho, a praia de Santo Amaro recebeu um total de 162 mil visitas

4

mil euros é o rendimento dos contribuintes de Oeiras, após retirados os impostos. O valor mediano em Portugal situa-se nos €9067

80

milhões de euros é quanto a autarquia vai investir na recuperação do património

CONTEXTO

Centro de congressos

Sem um espaço com grande capacidade, muitas das empresas sediadas nos parques tecnológicos de Oeiras têm de optar por Lisboa quando é necessário organizar grandes eventos. A construção de um novo centro de congressos terá um investimento de €20 milhões.

Vila Galé

É o único hotel capaz de competir com as unidades disponíveis no Estoril e em Cascais. Com um investimento a rondar os €45 milhões, o hotel tem 430 unidades de alojamento, metade das quais quartos e as restantes apartamentos.

Economia

O município de Oeiras é o segundo que mais contribui para o PIB: €24 milhões.

Rendas

Com o segundo metro quadrado mais caro do país, logo a seguir a Lisboa, o concelho de Oeiras tem uma forte dinâmica imobiliária.

Fonte: Expresso


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