As promotoras imobiliárias estão cada vez mais a apostar na construção nova. Um cenário que já se verificava no ano passado, conforme escrevemos, e que ganhou ainda mais força este ano. Esta é, de resto, uma das soluções apontadas por vários intervenientes do setor para colmatar o “problema habitacional” do país, aumentando a oferta e contribuindo para ajustar os preços das casas, que dispararam nos últimos anos, apesar de agora haver sinais de algum abrandamento. Uma coisa é certa, faltam casas no país, nomeadamente na capital.
Em maio, demos conta de que a obra nova estava a renascer em Portugal. O resultado? Mais oferta de prédios e casas, num momento em que a procura está em alta e há falta de produto no mercado para dar resposta, sendo que (quase) diariamente chegam ao mercado informações de novos projetos de promoção imobiliária um pouco por todo o país, mas sobretudo em Lisboa e no Porto.
Os meses passaram e a tendência manteve-se. Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), dizia-nos, em outubro, que a solução para o problema da habitação no país “é haver, primeiro, um ajuste de preços”. “A outra parte da solução é a construção nova. A reabilitação não chega e a maior parte é feita no centro das cidades, onde os preços são elevados. Ou seja, precisamos de construção nova em sítios onde os preços para a bolsa portuguesa estejam mais baratos”, contava.
Uma opinião partilhada também por João Pedro Pereira, membro da Comissão Executiva da ERA, que em entrevista conta que “ainda há espaço no mercado para mais projetos de construção nova”. “A oferta demora muito tempo a reagir porque é preciso construir as casas. É preciso encontrar o sítio para construir, é preciso obter licenças, é preciso fazer a construção e, portanto, demora vários anos até que a oferta no mercado imobiliário reaja às condições macroeconómicas, agora bastante favoráveis”, destaca.
Ainda em outubro, mês em que se realizou mais uma edição do Salão Imobiliário de Portugal (SIL), foi notícia o facto da maioria dos promotores e investidores imobiliários (75%) pretender lançar novos projetos nos próximos três meses, segundo resultados do Portuguese Investment Property Survey. O próprio SIL foi, de resto, uma espécie de montra dos novos projetos que estão ou vão nascer no país. Sobre o evento, Sandra Fragoso, dizia-nos na altura que quem visitasse a maior e mais importante feira imobiliária do país teria a oportunidade de conhecer em primeira mão “vários lançamentos de empreendimentos para a classe média e de construção nova”, o que mostra “que o mercado está a acompanhar a procura”.
A provar (também) que a construção nova tem estado ao rubro estão os dados de entidades como a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) e o Instituto Nacional de Estatísticas (INE). Segundo este último, no 3º trimestre de 2019, foram licenciados 5,7 mil edifícios, mais 5,9% que no período homólogo. Por categorias, os edifícios licenciados para construções novas registaram um acréscimo de 6,2% enquanto o licenciamento para reabilitação aumentou 3,9% face ao mesmo período do ano passado.
Custos de construção nova disparam
Se é verdade que a construção nova está a ganhar terreno no mercado, também os custos estão a subir em flecha. Trata-se, de resto, de um dos problemas mais reclamados pelos intervenientes do setor. Em janeiro, por exemplo, os custos de construção de habitação nova aumentaram 2% face ao mesmo mês do ano anterior. E é sobretudo a mão de obra que está mais cara, tendo aumentado 4% em fevereiro em termos homólogos e 4,3% em maio, por exemplo.
Alguns empreendimentos que foram notícia em 2019:
- Belgas investem 90 milhões numa “nova” Praça de Espanha: 280 apartamentos em plena Lisboa
- Belgas apostam na construção nova em Lisboa com uma mão cheia de projetos
- Telhabel constrói edifício inacabado do condomínio Jardins da Efanor: são 62 apartamentos
- Antiga fábrica de conservas em Matosinhos convertida em condomínio com 66 apartamentos
- Vai nascer um mega projeto residencial para a classe média em Alcântara – 550 casas na Pedreira do Alvito
- Novo empreendimento de luxo na Foz do Douro com apartamentos de 1,3 milhões de euros
- Braço de Prata para jovens: VIC Properties aposta em casas mais pequenas, à medida dos millennials
- Novo mega-projeto em Lisboa: 230 apartamentos e escritórios ao lado do LX Factory
- Novo projeto residencial da Avenue na frente ribeirinha do Porto
Algumas notícias sobre promotoras a ter em conta:
- CAFE e Azinor juntas em joint-venture: Forus aposta forte na construção nova na Grande Lisboa
- Quantico-Albatross lança comercializadora de grandes investimentos de construção nova
- AM|48 aposta na “habitação de qualidade para portugueses” em projetos no Norte e Sul do país
- “Estamos a entrar num período em que a oferta residencial de luxo em Lisboa vai exceder a procura”
Fonte: Idealista
1 comentário
fórmula negócio online · janeiro 9, 2023 às 7:16 am
Sou a Fernanda Da Silva, gostei muito do seu artigo tem
muito conteúdo de valor, parabéns nota 10.